Encontrei essa coluna escrita por Bob Babbit na última página da revista inside triathlon. Me dei o direito de traduzi-la e colocar aqui no blog (depois de tanto tempo), pois trata do momento da tomada de decisão na vida de um atleta em se tornar profissional. Nas opções e decisões, muitas vezes difíceis, e no fato de se assumir a responsabilidade sobre as próprias escolhas e suas consequências.
Boa leitura
Ele estava embalado na carreira e nunca tivera dúvidas. Ele foi do colégio para a faculdade, onde se formou em comércio, depois se especializando em contabilidade. Em seu crescimento, a educação era tudo em sua casa, e ele deixou sua mãe e seu pai orgulhosos. “Na nossa casa foi sempre educação em primeiro, esporte depois”, ele dizia. “Praticar esportes era algo para o fim de semana”. Ele estava com 23 anos, tinha um bom emprego, possuía dois ternos e uma coleção de camisas e gravatas, lia as noticias financeiras diariamente enquanto ia de trem para o trabalho e recebia um belo pagamento toda quinta feira. Além disso, ele tinha uma ótima vista da cidade da janela do seu escritório.
E ele odiava cada segundo de cada dia.
“Eu estive no meu trabalho por 10 meses e olhava pela janela sonhando em pedalar, nadar e correr”, ele se lembra “Eu provavelmente não era um contador muito produtivo”.
Ele havia tido sucesso como triatleta amador, mas e se ele pudesse largar seu trabalho e viajar o mundo para competir como triatleta profissional?
Um certo dia ele foi até seu chefe e avisou que estava se demitindo “Meu chefe achou que eu tivesse outra oferta de trabalho, e riu quando eu disse que não, que estava saindo para me tornar um triatleta profissional.Ele achou isso hilário”
Mas como contar as notícias aos pais? Isso ia ser uma missão difícil. “Por duas semanas eu acordava pela manhã, vestia o terno e a gravata, e meu pai me deixava na estação de trem” ele se lembra. “Então eu descia na primeira parada, voltava para casa e gastava o dia com minha bicicleta.
Mas ele sabia que um dia ia ter que encarar a realidade. Quando ele finalmente sentou com seus pais para contar a notícia sua mãe o apoiou, mas seu pai permaneceu em silêncio. “Isso foi o pior”, ele diz. “Eu teria preferido vê-lo zangado e gritando comigo. Quando ele se calou eu disse, pai, não fique desapontado, fique bravo”.
Mas na verdade, seu pai estava apenas processando a informação. A resposta de seu pai foi algo de que ele se lembrará para sempre. “Ele disse ‘Filho, se é isso que você quer fazer, se você quer se tornar um atleta profissional... Então seja um atleta profissional. Não perca os próximos 10 anos de sua vida sendo estúpido. Faça do jeito certo. Se você se tornar o melhor que você pode ser,eu ficarei muito orgulhoso de você’”.
Ele comprou uma passagem de ida para a Europa, voou para Paris com $2700 em seu bolso e comprou uma revista de triathlon quando aterrissou. “Eu me hospedei em um desses hotéis baratos formula1 e competia três vezes a cada fim de semana. Eu iria competir até conseguir ou até que meu dinheiro acabasse”, ele se diverte.
Em Orange ele pagou adiantado por três noites e acabou ficando cinco. “A gerente do hotel ficava indo até o meu quarto para buscar o dinheiro para a quarta e quinta noites”, ele se lembra. “Eu acabei pulando a janela e fugindo do pagamento das duas últimas noites. Ela provavelmente procura até hoje por mim”.
O triathlon é um pouco diferente na Europa. Ele podia competir em um evento menor na sexta feira à noite e em um maior no sábado na mesma cidade, na França. Então ele podia pegar o trem noturno, evitando ter de pagar uma noite de hotel, chegar à Suíça pela manhã e então competir no domingo. ”Em um final de semana eu ganhei $1000 e me senti o homem mais rico do mundo, que eu nunca teria de trabalhar novamente”, ele diz. “Eu estava espantado e emocionado com tudo aquilo. Eu queria provar para meu pai e minha mãe que eu havia feito do jeito certo, que eu tinha tomado a decisão certa”.
Essa decisão o levou a vencer o Campeonato mundial de triathlon olímpico em 1997, Wildflower, Escape from Alcatraz, triathlon de Chicago, St. Croix, o Ironman da Austrália, o mundial de Ironman no Havaí em 2007 e outras incontáveis conquistas.
Os sonhos se tornam realidade?
Pergunte a Chris McCormack
Dr. Sidônio Serpa na USP
Há 14 anos
Demorou pra postar... mas veio com tudo!
ResponderExcluirÓtimo texto!
Muito bom!
ResponderExcluirAbraços,
Tiago