segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Trazendo o futuro para perto

Com a escolha do Rio de Janeiro como sede dos jogos olímpicos de 2016, diversos atletas expressaram seu desejo de continuar competindo até lá. Além deles, inúmeros jovens ainda em fase de formação já sonham com o dia em que poderão disputar uma medalha olímpica dentro de seu país. É claro para todos a importância de um objetivo como este e a capacidade que ele tem de nos motivar, pelo menos, a tomar uma decisão e começar a trabalhar em função dele. Mas o grande problema é que ainda faltam sete anos para o início dos jogos do Rio. Podemos estar motivados hoje para competir, mas o que ocorrerá no meio do processo, quando o objetivo final ainda estiver distante, os treinamentos duros, cansativos e monótonos e os resultados não tão positivos?

Os ciclos olímpicos têm esta característica, um objetivo final normalmente muito distante do presente, que apesar de sua grande capacidade motivadora também apresenta uma grande dificuldade de preparação e disciplina. Mas este fato não se limita as olimpíadas, ele se repete constantemente em todas as modalidades e todos os níveis. Em modalidades específicas como a natação, a ginástica artística e o nado sincronizado o atleta se dedica a meses de treinamento para desempenhar em pouco tempo tudo aquilo que treinou, algumas poucas vezes por ano. No caso dos esportes coletivos, embora jogem semanalmente, são necessários inúmeros jogos para que um campeonato se decida apenas no final do ano, em um jogo final ou na soma dos pontos.

Tudo isto nos leva a uma importante questão da psicologia do esporte. Como manter motivadas as equipes e os atletas quando o objetivo final está tão distante do presente? ou mais precisamente: Como fazer com que estes objetivos possam estar presentes e reforcem diariamente o comportamento dos atletas?

Esta questão é tratada quando falamos em estabelecimento de metas e objetivos. Todos nós fazemos os nossos planos, temos os nossos sonhos e trabalhamos em função deles, mas quando conseguimos nos organizar de uma forma mais sistemática e racional, de acordo com nossas metas, tanto o controle do processo como a confiança no resultado aumentam e conseguimos trazer o futuro diariamente para nos motivar.

O primeiro, e mais fundamental passo, é descobrir, REALMENTE, qual o nosso objetivo. O que nos motiva? até onde queremos chegar? por que queremos isso? Em princípio estas questões parecem fáceis de serem respondidas, é óbvio que se perguntarmos para uma criança em fase de iniciação ou aprendizado de uma modalidade esportiva qual o seu sonho ela responderá que é competir nos jogos olímpicos. Mas um objetivo é mais que um sonho, é algo pelo qual queremos trabalhar. E como o trabalho aumenta a medida que os nossos objetivos se tornam mais ambiciosos, devemos nos perguntar se realmente estamos dispostos a trabalhar o necessário em função daquele objetivo. Isto porque assumimos uma responsabilidade em relação a ele e a nós mesmos, sob pena de fracassarmos e comprometermos nossa confiaça e nossa disposição para buscarmos novas metas.
As metas portanto precisam estar adequadas às nossas capacidades aspirações. Devem se relacionar a quem nós somos e o quanto queremos alcançar isto. Inúmeros são os elementos externos que podem nos motivar. Reconhecimento, atenção, fama, dinheiro, diferenciação, são alguns exemplos destes motivadores chamados de extrínsecos. Mas estes muitas vezes são motivadores mais fracos, pois em uma instância fundamental o esporte é um desafio solitário. A vitória está aos olhos de todos, mas a dor é invisível. Acordar cedo todo dia, suar, sofrer, sentir dor, suportar os momentos difíceis, isolar-se do convívio social, são processos que o atleta tem de vivenciar sozinho. Portanto, os motivadores, para serem realmente fortes precisam vir de dentro, formados em um compromisso consigo mesmo, de querer vencer, se superar, evoluir, de realmente querer trabalhar em função desta evolução, destes desafios, pois é este caminho que fortalece o atleta.
Desta forma, antes de simplesmente determinar os objetivos pessoais de acordo com o que se quer no momento, o que está na moda, na mídia, o que os amigos ou o grupo acham interessante ou valorizam, os atletas devem encontrar as suas próprias metas. Eles devem encontrar seus motivos e propósitos, descobrir o que os motiva a este desafio, externamente e fundamentalmente internamente pois apenas desta forma cada degrau a ser vencido poderá lhes dar direção confiança e motivação para chegar até o topo.

Um comentário:

  1. Olá Arthur,
    só descobri seu blog hoje! Muito bom!
    Perdi um possível colaborador do meu blog rsrs, mas a net ganhou contribuições muito boas para área!
    Parabéns!
    Abraços,
    Tiago Duarte

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